Cadela cruza cidade do interior de SP com carne na boca para dar a filhotes
Uma
cadela de rua comoveu moradores da pequena cidade de Ariranha
(SP), cidade com pouco mais de oito mil habitantes. Ela deu cria em
um buraco e fazia uma verdadeira maratona para alimentar os filhotes,
até que o segredo foi descoberto por um comerciante que a alimentava
e os filhotes foram resgatados.
“Menina”,
nome que o comerciante João Teodoro deu para a cachorrinha, aparecia
há um mês, todos os dias, na mercearia onde ele trabalha. Em pouco
tempo, ela conquistou o carinho de todos os funcionários. “Ela
ficava com a gente, brincava bastante, ela se acostumou com a nossa
presença porque a gente cuidava dela, é muito carinhosa”.
Sempre
quando chegava, a cadelinha estava cansada e com fome. O comerciante
Jucimar Teodoro, que é dono do mercado, passou a oferecer carne,
pelo menos três vezes ao dia. “Ela ficava louca com tanta comida,
comia muito, vinha umas quatro vezes por dia aqui. Dava impressão
que estava com muita fome”.
Mas
João começou a perceber algo diferente no comportamento da cadela.
Depois de comer, ela enchia a boca de carne e ia embora. “Ela
enchia a boca e ia embora levando a carne. Foi quando eu comecei a
desconfiar de algo errado e fui sondar o que acontecia”, afirma
João.
Curioso,
ele seguiu os passos de Menina. Juntos, eles atravessaram a cidade e
cruzaram até uma rodovia, em um trajeto que levou meia hora. Segundo
ele, a cachorra parecia ansiosa, como pressa de chegar ao local. A
caminhada de quase dois quilômetros o levou a descobrir porque todos
os dias a vira-lata saia da mercearia com a boca cheia de carne. No
local, estavam os filhotes, que ela alimentava com a carne que
conseguia.
Em
um esconderijo improvisado, no meio de um barranco de 4 metros, a mãe
protegia a ninhada, que não conseguia sair do local. Para chegar até
os cachorrinhos, João precisou chamar o Corpo de Bombeiros. “O
resgate foi complicado. Os bombeiros desceram o barranco e com medo,
os filhotes se calaram. Sem barulho, foi difícil encontrá-los. Só
quando eles começaram a chorar conseguimos localizá-los”, diz
Marta Félix, protetora de animais e que acompanhou o resgate.
Vice-presidente
de uma ONG protetora de animais, Roseli Gutierrez já conhecia a
história da cadela. “Essa cachorrinha apareceu no centro da cidade
prestes a dar à luz, mas antes de a gente conseguir fazer alguma
coisa, ela sumiu”, afirma Roseli.
Comovida,
Roseli não pensou duas vezes e levou “Menina” e os filhotes para
casa dela. No novo lar, bem mais confortável que o antigo, eles
recebem água e comida à vontade, uma recompensa pequena perto do
exemplo tão verdadeiro de amor e generosidade. “Essa é uma
história que teve um final feliz, mas não é isso que acontece com
a maioria dos animais abandonados, que morrem queimados nos canaviais
ou atropelados”, afirma. Tanto a cadela quanto os sete filhotes
passam bem e serão doados depois que desmamarem.
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